domingo, 1 de novembro de 2009

UMA NOVA HISTÓRIA DE INCLUSÃO.

Havia uma criança, que morava em uma zona rural, afastada muitos quilômetros de uma escola. A criança em questão, era deficiente física, possuía os membros posteriores e parte dos membros superiores, atrofiados, devido a uma má formação congênita. O sonho desta criança era freqüentar uma escola, afinal, ela assistia na televisão as novelas, os filmes, ou outras programações onde a escola aparecia, e as crianças eram tão felizes, brincando no pátio, conversando com os colegas, com os professores e funcionários, isto cativava a criança em questão, que começou a solicitar para os pais, que fizessem alguma coisa, pois ela queria freqüentar a escola, este era o sonho dela.
Um belo dia, os pais da criança, venderam as terras que possuíam, foram morar mais perto da cidade, levaram a criança para fazer avaliação médica, conseguiram um laudo favorável e matricularam seu filho em uma escola municipal. A criança feliz da vida, pois, conheceria novos amiguinhos, pediu para sua mãe um uniforme igual o das outras crianças, pois, queria sentir-se aluno de fato. Assim sua mãe fez, comprou o uniforme e levou para a criança, que abriu um largo sorriso, os olhos brilhavam, tudo era alegria.
O grande dia chegou, sua mãe saiu empurrando a cadeira de rodas pelas ruas da cidade, a escola ficava a cinco quadras da casa onde moravam, não havia um veículo apropriado para levar e buscar a criança na escola, por outro lado, as calçadas também não eram adaptadas para que a cadeira pudesse circular livremente, em alguns locais, nem calçada existia. Com muito esforço, aquela mãe conseguiu levar aquela criança para a escola. Passou com sacrifício pelos degraus do portão, foi ajudada pelo guarda da escola para vencer a escadaria que levava ao primeiro andar do prédio, onde ficava a sala onde a criança estudaria, conversou com a professora, que a olhou de maneira estranha, mas a pedidos da criança, foi para casa. No término da aula veio buscar a criança, que estava feliz, mas deixava transparecer que algo estava errado, mesmo sem reclamar, afinal uma mãe zelosa conhece o modo de agir e estar de seus filhos.
No segundo dia de aula, a mesma coisa, o mesmo trajeto, as mesmas dificuldades, mas tudo valia a pena para ver o sorriso largo daquela criança.
Uma semana se passou, aquela criança já não sorria mais, apesar de não se queixar de nada, sua mãe estava muito preocupada com seu modo de agir. A mãe resolveu então visitar a criança na hora do recreio, fez a sobremesa que a criança mais gostava, chegou no pátio da escola e não encontrou o seu filho brincando com as outras crianças. Resolveu falar com a professora, a qual lhe disse: seu filho não pode brincar com os outros, ele é deficiente físico lembra? A mãe correu para a sala de aulas onde sempre deixava a criança, e a encontrou fechada, a porta estava chaveada, solicitou ao guarda que abrisse a porta. Este disse ter ordens para mantê-la fechada, pois, havia lá dentro uma criança defeituosa que poderia tentar brincar com as crianças normais, as quais poderiam machucá-la, somente o fez na presença da professora, pois, esta era responsável pela turma. A criança estava lá dentro em um canto da sala, longe das mesas, com sua bolsa no colo, apreciando alguns desenhos pendurados na parede, onde as crianças haviam desenhado uma criança sentada em uma cadeira de rodas, brincando com elas numa grande ciranda.
A criança abraçou sua mãe, com aqueles mãos pequeninas, fez um carinho em seu rosto e disse: porque que a senhora não me avisou que só os normais podem brincar nesta escola? A mãe sem saber o que dizer, pegou a cadeira com a criança, sem aceitar a ajuda de ninguém foi para casa, chorando muito. O pai, quando soube do ocorrido, queria tomar uma providência, vamos processar esta escola, onde já se viu, prender nossa criança, ficou mais aborrecido ainda, quando observou, que no caderno da criança não havia nada escrito. Mas a criança sabia o nome das letras, pois, ouvia os outros dizendo.

Uma semana se passou, um grupo de alunos(as), apareceu na casa da criança com necessidades educacionais de aprendizagem, junto com elas veio uma mulher, e todos se identificaram, os alunos (as). eram colegas de turma da criança aqui citada, a mulher era supervisora educacional da escola, e todos vieram pedir o retorno da criança à escola, pois, os colegas queriam muito poder brincar e conversar com o novo amiguinho. Mais tarde, apareceu um senhor com uma Kombi, que era pai de um aluno que estudava na mesma escola, ele ofereceu-se para transportar aquela criança na ida e na volta da escola. Quando a mãe chegou na escola com a criança, a sala de aulas já não era mais no andar superior, havia sido transferida para o térreo, os outros alunos, tinham trazido um bolo para homenagear a nova amizade. O sorriso largo brotou na boca de todos que ali se encontravam, a professora que antes havia agido de maneira errada, correu para o encontro da mãe e num forte abraço lhe pediu desculpas, pois, não sabia como proteger o menino, nem mesmo como ensiná-lo, mas a secretária de educação da cidade, havia encaminhado para ela um orientador e ela com certeza faria de tudo para realizar o sonho da criança, que agora também passara a ser de todos naquele ambiente escolar.
Passados alguns meses, outras crianças, algumas com as mesmas dificuldades desta, outras até com necessidades consideradas de nível mais elevado, foram aceitas nesta escola. A maioria morava ali próximo da escola, há vários anos, mas os pais tinham medo de matriculá-las pois, nunca haviam presenciado alguém com necessidades educacionais de aprendizagem freqüentando aquela instituição. Precisou um pai de família, vender tudo o que possuía, para realizar o sonho de sua criança, o qual já era o sonho de muitos, mas que vários pais não tentavam realizar, uns por medo, outros por receio, alguns até por vergonha da condição de seu filho.
A inclusão acontece, quando nós resolvemos mudar alguma coisa, utilizando o amor como forma de demonstrar que somos todos iguais, afinal todos temos sonhos, e como é bom quando podemos realizá-los, não é mesmo?

O MENINO SELVAGEM - O filme.

Escrevendo sobre o filme que conta à história do menino selvagem. Não gostei do jeito como aquele menino foi tratado, nem pelos pais, nem por aqueles que o apanharam na selva, nem pelo médico que o levou para casa. A saga deste menino foi muito triste. Primeiro os pais o rejeitaram, tentando inclusive matá-lo, depois, as pessoas que o encontraram o trataram como um bicho, mais tarde foi levado para um centro educativo, onde foi tratado como atração de circo. O médico (Jean Marc Itard), pessoa que cursou um curso de graduação, o leva para casa, e na tentativa de educá-lo, o mal trata, com castigos e mais castigos, fazendo-o trabalhar 16 horas sem parar, trancafiando-o dentro de um armário sempre que errava alguma coisa, dando para ele água, como forma de premiá-lo quando acertava algum exercício, como quem dá um biscoito a um cachorro enquanto o está adestrando, afinal quem era o selvagem naquela história?
O médico tal como um animal, ficava o tempo todo tentando mostrar ao jovem, quem era o líder do grupo, o dono da casa, quem mandava e quem tinha de obedecer. O que aliviava um pouco o sofrimento do menino era a presença da governanta, esta parecia entender e respeitar o tempo do menino, ela foi a melhor coisa que aconteceu para ele naquele momento.
O médico às vezes tinha algumas recaídas de bom moço, deixando que a criança brincasse um pouco, mas estes momentos eram raros, pois, precisava mostrar suas experiências em palestras, afinal era a chance de ficar famoso e angariar mais dinheiro. Colocou a governanta como tutora do menino, para poder receber os francos do governo enquanto realizava sua experiência.
Não ensinava a língua dos sinais ao menino, não o deixava se comunicar com outros surdos utilizando esta língua, queria que ele aprendesse o significado das palavras, e quando conseguia, pronunciar alguma delas. O menino, o qual chamou de Victor, pois as palavras que possuíam o tom mais grave este atendia, como quando pegamos um cachorro grande para criarmos, e não sabemos seu nome, então tentamos chamá-lo com a palavra a qual ele parece mais ambientado, Duque, Totó, Rintin, etc,. neste caso o som “tor”, parecia mais apropriado, pois o menino atendia melhor quando ouvia este som, e ai o nome “Victor”. Mas poderia ao menos tratá-lo melhor. Os cães são mais bem tratados.
Bater em seus dedos, para que aprendesse a contar, que coisa triste. Este filme me levou para alguns anos, quando professores usavam palmatórias e réguas de madeira, sem contarmos com os grãos de milho, as orelhas de burro, as tampinhas de garrafa, onde os alunos ficavam ajoelhados quando cometiam algo que fosse julgado impróprio, dentre outras formas grotescas, tempo selvagem não é mesmo. Os professores, não sabiam como mostrar que deviam ser respeitados e partiam para a ignorância, mas quando perguntado, quem era ignorante? O professor respondia “é o aluno”, afinal ele não sabe nada e eu ensinei tudo a ele.
Assim sendo acredito que devo desculpar o médico por suas atitudes, afinal este filme conta uma história que aconteceu antes de 1.800 d.C. As pessoas ainda não eram assim tão educadas, mas acredito que mesmo naquela época deviam existir professores que utilizassem métodos mais respeitosos para educar seus alunos, fossem estes considerados selvagens ou não.
Outra pergunta: será que realmente o médico ajudou o aluno? Este agora podia se comunicar, mas sempre escrevendo o nome do objeto ou outra coisa que estivesse interessado, a não ser que estivesse próxima a seus dedos para que pudesse apontá-la, pois, não sabia a língua dos sinais, não conseguia se quer se comunicar com outros surdos, e para se comunicar com estranhos ditos normais, tinha de escrever tudo o que gostaria de dizer, exceto leite, esta palavra ele conseguia pronunciar, tamanha era à vontade de tomar outra coisa que não fosse água.
Este garoto passou por todo o tipo de selvageria, mas acredito que a mais difícil, foi à selvageria humana, pois, esta dizia ter motivos para tratá-lo assim, já que pretendia civilizá-lo.
O teste da aprendizagem sobre justiça, o professor (médico), tenta trancar o menino no armário, sem que ele tenha feito nada de errado, e o menino recusa-se a entrar lá dentro. O médico deduz que o menino entende a diferença entre o certo e o errado, possui senso de justiça. Será que o médico sabia a diferença entre certo ou errado, na hora de ensinar ou conversar com aquele menino?
O médico se manifestou curioso pelo fato daquela criança nunca haver chorado antes, o menino sofreu tanto que acabou chorando na frente do médico, por várias vezes depois.
Alguém presenciou no filme, um momento em que aquele menino sorriu?
O tal médico, foi parar nos Estados Unidos, escreveu um livro, ficou famoso etc, etc e etc,.
Como será que agiriam as pessoas para educar um menino encontrado na selva, com mais ou menos 12 anos de idade, nos dias atuais? Vamos mais fundo: como você, professor, estudante de pedagogia agiria?